Pessoal, só para simplificar... O Nexo Jornal publicou uma matéria sobre a politização da noite do Oscar (coisa que não perco tempo assistindo, ainda mais após o arrombo cultural que são as séries do Netflix...).[1]
Mas vejamos aqui um protesto do diretor iraniano:
ASGHAR FARHADI O diretor iraniano venceu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro com “O Apartamento” mas não compareceu à cerimônia em boicote à suspensão da entrada nos EUA de muçulmanos de sete países, incluindo o Irã, decretada pelo presidente Donald Trump. Um pronunciamento do diretor foi lido na entrega do prêmio, explicando sua ausência. “Estou ausente em respeito às pessoas do meu país e de outras seis nações que foram desrespeitadas pela lei desumana que barra a entrada de imigrantes nos EUA” Asghar Farhadi Em pronunciamento lido por representantes no Oscar 2017
Agora vejam esta figura em um jornal esportivo iraniano:
Ninguém poderia alegar xenofobia neste caso? E a hipocrisia? Em 2008, o então presidente Mahmoud Ahmadinejad chamou o ex-presidente Obama de “escravo doméstico”.[2] E o jornal dos Guardas Revolucionários no Irã, Sobh-e Sadegh comentou “uma pessoa escura se levanta para remover a escuridão na América”. E não se engane com os antiamericanistas mal disfarçados que ao defenderem o país dos aiatolás dizendo que há até uma comunidade judaica no país, simplesmente “esquecem” de complementar que hoje, a comunidade judaica corresponde a apenas 1/6 do que era antes de 1979, ano da Revolução Iraniana, religiosa e fundamentalista liderada pelo aiatolá Khomeini.
Um diretor iraniano que não foi receber seu prêmio no Oscar criticou a atual política imigratória dos EUA, mas 'esquece' de comentar o racismo persa contra paks, afegãos, azeris e africanos. Na cabeça dessa gente cool, a crítica social só vale para um dos lados, o da Sociedade Aberta.
Querem mais? Em 2006, um jornal iraniano retratou os azerbaidjanos – ou azeris – que é a maior minoria étnica no país como baratas. Melhorou? Não! Seis anos depois, as autoridades públicas de Isfahan proibiram afegãos de frequentar um parque público.
Sabe... O que o diretor iraniano deveria aprender é que seu filme falando sobre diversidade pode ser exibido nos Estados Unidos da América, L-I-V-R-E-M-E-N-T-E, ao CONTRÁRIO de um filme de 1986, “Bashu, o pouco estranho” em que um iraniano de pele escura foge da guerra é acolhido por uma mulher no norte do país. O então ministro da cultura, Mohammad Khatami, inicialmente, proibiu o filme pela crítica à guerra e pelo seu feminismo.
Quando será que esses críticos das sociedades abertas e livres vão aprender sobre o que é liberdade? Mas isto não lhes importa, pois só o que levam em consideração é que quem lhes acolhe seja completamente indiferente à própria segurança nacional. Sem perceber, os críticos dos EUA estão forçando a radicalização e extremismo de quem já os vê com desconfiança por sua relativização e parcialidade, por seu ódio ao capitalismo, à democracia e ao estado de direito. Claro que o preconceito e a raiva acumulada irão aflorar um dia, graças a esta falta de equilíbrio e senso de justiça que está se perdendo. O que vemos é um declínio de nossa civilização. Simplesmente lamentável! Ponham na cabeça que quem é imigrante LEGAL está dentro da Lei, simples assim.
E quem não é está sujeito ao devido processo legal. Agora, se Donald J. Trump é o melhor presidente, se vai fazer um bom governo, tudo isto é secundário perante um simples ato de tentar organizar a bagunça que décadas de descaso com o terrorismo doméstico e internacional criaram. Só por isto, ele já merece um voto de confiança, por mais que tenhamos críticas a outros pontos e questões pendentes sobre sua visão econômica.
[1] NEXO JORNAL. “O que houve de político (e o que não houve) no Oscar 2017.” Acessado em 03 março de 17.
[2] RUBIN, Michael. “Iran’s hipocrisy in condemning U.S. racism” in: CNN.com, 31 de dezembro de 2014. Acesso em 03 mar. 17.