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Afinal de contas, quem é John Galt?

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O mais apavorante é descobrir que o que nos atormenta está em nós, junto a nós, todo o tempo.

Imagine um mundo onde as instituições criadas para confiarmos, para nos proteger, para nos servir, tenham saído do controle e nos ameacem cotidianamente. Imagine que estas instituições sejam seções de uma entidade criada ao longo da história após muitas lutas, batalhas e guerras entre povos e feitas com o intuito de garantir uma paz e defesa de ameaças externas e internas. A ela demos o nome de Estado. Só que com o tempo, os homens e mulheres que integraram esta mesma organização se mostraram como o que são, humanos e falíveis. Nosso erro foi maior porque ignoramos a natureza humana feita de ambição e acreditamos em super-homens, que deveriam nos proteger enquanto dormíamos o sono dos ingênuos, dos puros e das presas, enquanto os predadores faziam a festa.

Quando Ayn Rand escreveu em 1957, Atlas Shrugged – traduzido no Brasil como Quem é John Galt? e, posteriormente, como A Revolta de Atlas – sobre uma época e sociedade não muito distantes do tempo (porque atuais), das quais a burocracia rumava a completa destruição do ímpeto criador do empreendedor, um empresário reagiu, pondo em cheque toda arrogância e supremacia estatista. O que fica claro no romance de Rand é que a dominação não surge por acaso, pois muitos empreendedores mesmo buscando o caminho fácil da associação com os governos optaram pelo desenvolvimento do chamado “capitalismo de compadrio”. Países como o nosso conhecem bem, aliás, muito bem este fenômeno histórico. O problema é quando ele ameaça atingir e sobrepujar o coração do capitalismo mundial, sua locomotiva levando toda sua composição e comboio abismo abaixo.

Mas, cá entre nós, se tem uma coisa que não combina com a liberdade de ser humano é acreditar em destino. Assim como os marxistas creem em um devir histórico (uma sequência de acontecimentos baseados na sua luta de classes) que levaria a uma sociedade comunista, também é um erro acharmos que a decadência é uma consequência inexorável do atual estado de coisas. Não é. A decadência, assim como a formação de uma civilização não é uma consequência natural dos fatos, elas dependem de nossa consciência e vontade de mudar, ou deixar tudo como está. O descaso, a indiferença sim é que são nossos maiores inimigos. Competidores no mercado ou na política sempre existirão e até é bom que existam, para que treinemos e nos fortaleçamos. Não dá para criarmos nossos filhos em bolhas totalmente assépticas, livres dos vírus e das maldades de um mundo cada vez mais atormentado pelos fantasmas totalitários do século XIX, nós precisamos educá-los e treiná-los para esta luta diária.

Se há algo que devemos aprender com as histórias que nos conta Ayn Rand é essa vontade de resistir e mudar o curso negativo dos acontecimentos. De sentir o poder que temos. O protagonista do romance, empresário formado em física e filosofia, John Galt reage organizando uma greve de proporções mundiais onde os grandes produtores resolvem medir forças contra os governos e suas elites burocráticas. Alisa Zinov'yevna Rosenbaum, mais conhecida como Ayn Rand, esta imigrante russa que ao chegar nos EUA em 1926 detectou muito bem as forças que poderiam levar o país a ruína. E se isto ainda não aconteceu, se deveu à resistência e vontade de vencer que persistem no imaginário daquela sociedade.

Aliás, nenhum déspota comunista ou fascista que seja irá tirar isto de nós, mesmo que nos ameace e oprima. Enquanto existir este sopro de vida que é a luta pela liberdade sempre iremos sentir o motor do mundo em nossos corações.

V.D.

 

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