Você gostaria de ver seu pacato bairro desse jeito? E tudo com a anuência hipócrita de um projeto politicamente correto, mas socialmente imoral?
Por Anselmo Heidrich
Em dezembro de 2016, o então prefeito de S. Paulo, Fernando Haddad promulgou a lei que instituía oficialmente o Programa Ruas Abertas no município. A ideia, louvável diga-se de passagem era ampliar e requalificar os espaços públicos na cidade. De que modo? Com atividades culturais como música, teatro, palestras, jogos para crianças, atendimento de saúde etc.
Antes de mais nada, um adendo: eu cresci em Porto Alegre, RS quando esta cidade tinha espaços públicos disponíveis e, mais importante frequentados como nunca vi em outra cidade brasileira. Não, não é bairrismo Senhores e Senhoras. Trata-se de mera constatação, a cidade tinha praças e parques à reveria. Hoje eles ainda persistem, mas com cacos de vidro de garrafas de cachaça ou cerveja e baganas de ‘bauras’ jogados no chão. Nada contra quem é usuário frequente, mas contra sim quem faz do espaço público uma latrina como reflexo de suas almas. E não ficou apenas nisto... Os parques e praças porto-alegrenses se tornaram covil de ‘marginas’, como são chamados proto-bandidos que ameaçam a vizinhança com furtos, bullying e intimidações que, não raro terminam em extorsão dos mais fracos.
Meu relato poderia se estender por páginas e páginas, mas ele dá uma breve ideia do que se tornou o projeto de Gilberto Dimenstein, o conhecido jornalista paulistano que encabeçou o projeto e que, recentemente, se embrenhou numa luta contra o Movimento Brasil Livre (MBL) e Fernando Holiday, seu vereador eleito pelo DEM como seus inimigos declarados. O problema parece ser consequência da filiação e simpatia partidárias, já que os movimentos de rua favoráveis ao impeachment, como é o caso do MBL são visceralmente anti-petistas e Dimenstein, isso não é segredo para ninguém, um simpatizante da ex-administração municipal petista. Claro que o clima entre eles iria azedar, sobretudo, quando a crítica ao projeto começou a se intensificar.
Agora, no vídeo abaixo fica claro no que se tornou o “espaço de convivência” do Ruas Abertas: um antro de meliantes que não respeita o sossego alheio. Sabe aquela lembrança de praças, crianças e adultos conversando? Pois é... Nada a ver. Pense agora em algo como venda de bebidas até altas horas, gente fumando e dançando no meio da rua, a maioria jovens e jovens adultos, carros estacionados em frente às garagens, som alto, muito alto (inclusive funk) entrando residências adentro, moradores sem poder dormir. Quando? Todo, sim, eu disse todo sábado e domingo e feriados há quase dois anos! Isso é “espaço de convivência”? Te toca Dimenstein!
Veja aqui o que o jornalista teve a cara de pau de escrever:
Ao que respondi prontamente:
E aqui um relato contundente de um morador que sofre com o descaso do poder público (para pagamos impostos mesmo?) e com a falta de respeito e civilizado dos organizadores do Projeto Ruas Abertas:
Dimenstein disse em um de seus posts “como tentaram emporcalhar uma linda ideia com uma sórdida campanha política”[4], se referindo aos ataques que seu projeto recebe, supostamente por sua filiação política pessoal. Não Sr., os ataques são devidos ao desrespeito que o Sr. promove. Reiterando aqui o que já pude escrever contra o projeto e a postura dissimulada com que tenta desviar o foco do debate chamando seus críticos de haters e acusando-os de disseminar o ódio:
Dimenstein e demais, o amor, assim como o ódio sempre existiram, mas o respeito não. Este foi construído a duras penas com o avanço da Civilização. Mas sua rota não é livre de desvios... Quando de modo egoísta, indivíduos com influência política tentam se sobrepor à lei ignorando normas de convívio social, como o limite máximo para ruído e impactos sobre vizinhança em zonas residenciais exclusivas temos um exemplo claríssimo de que a decadência do que construímos ao longo da história pode vir, justamente, de quem mais alardeia ser seu paladino e defensor. Sabe... No meu dicionário, isto tem um home e começa com 'h' e termina com 'a'. Quem sabe vocês possam abordar o tema hipocrisia em uma de suas palestras "naquele espaço que não é um boteco" para o desenvolvimento da sociabilidade em uma metrópole que respeite mais o cidadão. Se é que vocês sabem o que isto significa...
Quem sabe um dia, Gilberto Dimenstein conheça o significado da palavra respeito?