Por Anselmo Heidrich
Apesar de todas as guerras e notícias sobre regiões empobrecidas do globo, o índice global de miséria diminui. E isto não é mera intuição, mas análise de dados estatísticos que podem ser comprovados.
Segundo o BIRD (Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, mais conhecido como “banco mundial”), o limite superior adotado para pobreza extrema é de 1,90 dólar por pessoa ao dia. Se observarmos os dados atentamente veremos que o mundo reduz sua pobreza continuamente há dois séculos.[1],[2].
Essa queda nunca diminui tão rapidamente como nos últimos anos. Trata-se de uma das maiores realizações da humanidade. E o que deve ficar claro: foi realizada dentro de um sistema econômico que seus críticos chamam de Modo de Produção Capitalista. Então, justamente, o famigerado e odiado sistema é que permitiu que grande parcela da humanidade, outrora relegada a patamares subumanos pudesse ascender economicamente. Vejamos aqui como se deu este decréscimo da pobreza mundial em apenas uma década:
Então, se adotarmos uma linha de pobreza usual de $ 1.000,00 anuais em 2003, 48% estava abaixo dessa linha, enquanto que a partir de 2013, 29%. Em uma década, uma queda de 20 pontos percentuais! Agora, se você acha a linha demarcatória pouco significativa e prefere algo bem superior, digamos $ 4.000,00 anuais adotando o mesmo intervalo histórico em 2003 tínhamos 80% da população mundial abaixo desta linha e em 2013, 67%. Ou seja, um declínio significativo de 13 pontos percentuais. Novamente, e comprovadamente, o mundo melhora.
Agora socialistas e estatólatras de plantão, que tal melhorar sua crítica porque esta história de apontar a desigualdade econômica sem ver o que realmente aconteceu com quem mais precisa do desenvolvimento não funciona para quem sabe ler e analisar dados fidedignos.
Poderia ser melhor? Claro que poderia... Tomemos um país aleatório como exemplo, 5ª maior população do globo, um extenso território, país continental deitado em berço esplêndido e com reservas minerais incomensuráveis, mais de duas safras agrícolas por ano para a maioria de suas culturas etc. etc. e etc. Aquele papo com o qual tu já estás acostumado, sabe? Mas vamos ao que interessa...
Este país hipotético tem “uma Austrália”, cerca de 20 milhões de pessoas dentro de seu território vivendo com menos de R$ 140,00 por mês que no cambio atual com o dólar de hoje daria $ 1,5 por pessoa ao dia, bem menos do que a supracitada linha de pobreza mais baixa adotada pelo BIRD, isto é, um padrão de vida miserável mesmo até para os padrões mundiais considerados. Mais de nove milhões, “uma Suíça” terminarão o ano abaixo da linha de extrema pobreza, com renda mensal de R$ 70,00. Se estás pensando em miseráveis apenas esqueça, o quadro geral é desabonador... Quase metade dos brasileiros vive com um salário mínimo e no Nordeste chega a ser 68% dos seus habitantes vivendo assim. Um em cada quatro brasileiros depende do Bolsa Família. No Maranhão, p.ex. corresponde à metade da população e 27% no estado vive com ¼ do salário mínimo.
Não nos limitemos à renda, se somarmos a população do Uruguai, da Nova Zelândia e da Irlanda não alcançaremos o número de analfabetos que temos no Brasil. Nossa “analfetolândia” é composta por 50 milhões de analfabetos e semi-letrados. Obviamente já deu pra sacar que falamos do nosso Brasil varonil, certo? Então... Se nossos analfabetos e analfabetos funcionais compusessem um país, ele seria o 28º país mais populoso do mundo, mais que uma Argentina. Mas voltemos ao país real, que mais parece surreal... 30% dos brasileiros nunca comprou um livro. Em recente pesquisa feita pelo Ibope, metade dos professores não citou nenhum quando questionados sobre o último livro lido e 22% citou ter lido um: a Bíblia. Por isto ponha de lado estas estúpidas teorias pedagógicas, quando se fala em “crise na educação”, na verdade é uma crise na qualidade dos professores.
“Ah! Mas temos um belo meio ambiente ambicionado pelas potências estrangeiras!” Sempre a mesma conversinha paranoica de sempre – como já disseram, o nacionalismo é o último refúgio dos canalhas. Somos mais de 35 milhões de brasileiros sem acesso ao abastecimento de água tratada, um Canadá inteiro sem água encanada. Quase 100 milhões de brasileiros, mais que uma Alemanha sem esgoto, cerca de 17 milhões, uma Holanda, sem coleta de lixo. E mais quatro milhões, uma Nova Zelândia sem um único banheiro em casa. Só falta dizer que é romântico defecar no rio...
Apesar de uma década com aumento no preço das commodities, crescemos menos que a média global. Quase metade do que auferimos, vai para o sistema político, temos o judiciário mais caro do ocidente, o sistema de saúde público mais ineficiente do planeta, e o segundo congresso mais oneroso do mundo. E o principal, somos o país que oferece o pior retorno de impostos ao cidadão. E o que recebemos de volta? Burocracia, a economia mais fechada do G20, o 10º país mais complicado para fazer negócios, o líder no ranking de encargos e processos trabalhistas e burocracia fiscal, o 5º menos competitivo do planeta. Como dito no site Spotniks:
“Nós abraçamos os que prometem e condenamos os que produzem. O resultado é inevitável, subdesenvolvimento crônico. Nós somos bons nisso, desigualdade, violência urbana, prostituição infantil, trabalho escravo, pobreza. Muita pobreza.”
Portanto, te lembre que qualquer greve geral agora não é contra a obesidade mórbida de nosso estado brasileiro, mas justamente em defesa dos agentes políticos que invalidam sua eficiência. O que está em curso é uma luta intestina na estrutura estatal, que visa enfraquecer toda tentativa de por o país nos eixos e ajustar nossa economia através da própria sociedade. Temos agora a oportunidade de lutar e reagir, indo para as ruas contra os sanguessugas que criam idiotas úteis em linhas de produção ideológicas. Não deixemos a peteca cair, não abdiquemos deste sonho que mais dia menos dia se realiza. Qualquer um que tente nos calar é nosso inimigo. Às ruas, novamente, com nossos corações na goela, como se fossem punhais atravessados por onde saem nossa voz e reflete nosso espírito. Estatólatras, vocês não passarão!
Fonte dos dados: Spotniks.
[1] No matter what extreme poverty line you choose, the share of people below that poverty line has declined globally. https://t.co/SC0Ostsw6x. Acesso em 17 abr. 17.
[2] https://ourworldindata.org/extreme-poverty/#the-share-of-people-in-poverty-over-the-past-two-centuries. Acesso em 17 abr. 17.