“(...) à medida que semelhantemente ao que fazem os mulás muçulmanos em suas próprias madraças, a pregar o que consideram ser verdades absolutas, professores de nossas escolas dedicam-se a adestrar jovens a sua visão ideológica esquerdista, neste caso, diluindo e distorcendo os conteúdos de conhecimento fundamental, considerados universalmente válidos para os níveis de ensino aqui referidos” – Sergio Colle.
Neste texto rejeitado pelo jornal que publicou matéria adversa endossando a doutrinação do ensino, o Prof. Colle explica perfeitamente o curso de acontecimentos interno e externo de nossas instituições de ensino. Lendo o texto me perguntei quantos estudos sociológicos não renderiam belas teses ao pesquisar como a falência de nossas escolas tem refletido em um caos social, cujas consequências ainda são uma incógnita para muitos acadêmicos da área de humanas neste país.
Boa leitura,
V.D.
As madraças escolares do Brasil
Por Prof. Sergio Colle
A revista Veja de 20/07/2016 publicou um excelente artigo intitulado “A fé no erro” em que anuncia o marcante livro de Raymond Aron (1905-1983), publicado na França em 1955 intitulado “O ópio dos intelectuais”, cuja nova tradução para o português já está nas livrarias. Esse livro desmonta, ponto por ponto, os argumentos teóricos daqueles que, muito embora tendo evidências de que o marxismo foi a causa do assassinato de dezena de milhões de opositores ao comunismo, ainda defendiam esta nefasta corrente doutrinária. E pensar que no Brasil eles ainda pregam, até mesmo em salas de aula, a validade dessa doutrina.
Os comunistas afirmavam ser a religião o ópio do povo. É irônico que muitos professores de cursos fundamental, médio e universitário contestem a Igreja como instituição até mesmo cultural, enquanto fazem uso das salas de aula para pregar uma verdadeira fé no erro. Penso que aos adeptos dessa corrente não resta outro argumento que não tentar convencer seus alunos de ser o marxismo uma teologia, sobretudo depois que este foi cientificamente rejeitado, economicamente invalidado e humanamente desastroso.
O que tem acontecido nas escolas brasileiras não é desproposital. Verifica-se no cotidiano dessas escolas o contínuo martelar sobre os ingênuos alunos, com slogans claramente marxistas, enquanto dissimula-se uma aversão as religiões, mais ainda as de confissão cristã. Esse comportamento pode muito bem explicar o porquê de muitos professores militantes esquerdistas mais doutrinarem que objetivamente ensinarem e não por outra razão, agora se insurgirem articuladamente contra correntes de educadores e segmentos sociais, que vêm defendendo o Programa Escola sem Partido. Esse programa justifica-se pela necessidade de uma urgente reforma nas escolas, de modo a resgatá-las de um sistema que abriga o que este autor cognomina, seguramente, de “madraças escolares”, em que se transformaram as escolas de ensino fundamental, médio e universitário do Brasil. O cognome justifica-se, à medida que semelhantemente ao que fazem os mulás muçulmanos em suas próprias madraças, a pregar o que consideram ser verdades absolutas, professores de nossas escolas dedicam-se a adestrar jovens a sua visão ideológica esquerdista, neste caso, diluindo e distorcendo os conteúdos de conhecimento fundamental, considerados universalmente válidos para os níveis de ensino aqui referidos.
Em artigo publicado nesta Coluna intitulado “A Bíblia é Cultura”, este autor contestou consistentemente os termos da sentença exarada pelo desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Lédio Rosa de Andrade, favorável a ação judicial de uma minoria de professores com o objetivo de suprimir a exposição da Bíblia nas bibliotecas escolares de Florianópolis. Conseguiram seu intento, em que pese o intrínseco valor desse importante livro como referência histórica, indispensável até para se compreender o florescimento do cristianismo e sua incomensurável herança cultural no mundo, no tocante a arte, literatura, direito, comércio, arquitetura, economia, filosofia e ciências da natureza. Negar essa herança universal, se não for por razões político-ideológicas, sê-lo-á por presumível ignorância de quem o faz.
O Programa Escola sem Partido suscitou nessa Coluna artigo publicado em 09/07/2016, anunciado com o inexplicável título “Produção em Série”, no qual se expôs opiniões dos prós e contras, sobretudo a ativa ação da pastora Léia de Joinville, defensora do Projeto de Lei 221/2014, que estabelece as diretrizes do referido programa.
É de muitos anos que as escolas de ensino fundamental, médio e até mesmo universitários do Brasil, vêm sendo patrulhadas por organizações político sindicais, com o claro objetivo de politizar o ensino nacional à esquerda, espelhado na estratégia gramscista de tomada do poder (Antônio Gramsci – comunista italiano que escreveu um manual estratégico para tomada do poder político, por aparelhamento das instituições). Essa estratégia ficou evidente durante o aparelhamento do Estado brasileiro ocorrido nos últimos treze anos. A adoção de cartilhas de fundo doutrinário, como por exemplo os manuais “libertadores” de Frei Betto, tornaram-se balizas de conteúdos de ciências humanas de que resultaram alunos moldados de visão distorcida da história, das religiões, da arte e porque não dizer, da própria cultura nacional. Assim, consolidou-se nas escolas o danoso viés do “politicamente correto”. É oportuno lembrar que na Alemanha nazista (1933-1945) era politicamente correto agredir judeus e na China comunista, eliminar professores que emitissem qualquer sinal de discordância à aterradora ditadura maoísta.
As distorções resultantes do malefício ideológico produzido no ensino fundamental prejudicaram enormemente o conteúdo das disciplinas e sua qualidade. A degeneração das escolas causada pela liberdade ilimitada concedida a professores, pode explicar o porquê de o Brasil ocupar a degradante posição de número quarenta e três em sessenta e cinco países avaliados pelo programa PISA, fato que nos ajuda a responder o porquê da baixa produtividade brasileira no trabalho. Essas verdadeiras “escolas da distorção” nos servem também para compreender as causas da aterradora estatística de sessenta mil assassinatos por cem mil habitantes por ano no Brasil, grande parte dos quais de autoria de menores que, diga-se de passagem, estudaram nestas escolas nos últimos treze anos. E porque países mais pobres que o Brasil, a exemplo do Paraguai e África do Sul, exibirem números percentuais comparativamente menores de assassinatos? Deve-se considerar o fato de que nesses países, além da educação familiar, a escola fundamental contribui para a consolidação da educação para a cidadania, na qual a moral religiosa é ensinada como uma componente cultural fundamental, até porque incluída no conteúdo disciplinar das ciências humanas desses países. Em nossas escolas sequer ensina-se os conteúdos disciplinares com eficiência. Com efeito, Relatório recentemente publicado do IDEB (MEC) expõe alarmantes estatísticas de baixa qualidade do ensino fundamental e médio, de evasão escolar e de analfabetismo crescente, isto ao tempo da tão propalada “Pátria Educadora”, slogan da malfadada ex-Presidente da República. Ensinar bem é antes de tudo, fazer com que os alunos creiam no bem da instrução.
Os signatários do Programa Escola sem Partido estão cheios de razão, mesmo porque a existir a “produção em série” insinuada na manchete do artigo referido do DC, ela decorre precisamente da imposição aos inocentes e desinformados estudantes, de uma visão ideológica à esquerda, à revelia do conhecimento dos fundamentos de nossa cultura. A exemplo das escolas de países representativos das melhores democracias do planeta, uma escola deve ser política e ideologicamente neutra. Nela deve-se ensinar prioritariamente o conhecimento considerado de valor permanente de que se constitui a legítima cultura nacional. A propósito, a matriz fundamental de nossa cultura nacional é essencialmente européia, portanto muito distante das culturas ameríndias e africanas, mesmo que assessores outrora abrigados no MEC pelo ex-ministro Haddad, tenham tentado impor no currículo nacional básico a supressão da história européia, em favor das primitivas lendas tribais da África e da América Latina. Felizmente neste particular, eles não alcançaram seu intento. Não se sugere neste artigo que nossos jovens não devam saber como foi formado o povo brasileiro, suas diferentes origens étnicas, além do que, o que os descendentes europeus assimilaram dessas diferentes etnias. Nesse contexto, porque o povo brasileiro é quase na totalidade de confissão cristã, é obrigação das escolas priorizar aqueles valores da cultura que deram origem as sociedades cristianizadas e democráticas do mundo. Depreende-se disso que o ensino da cultura política, filosófica e científica deve valorizar fundamentalmente os fatores determinantes dos desdobramentos decorrentes do Império Romano, sobretudo no tocante ao florescimento das democracias ocidentais. A propósito, é obrigação dos professores educar os jovens, difundindo a moral legada pela civilização romano-cristã, esta, inegavelmente, célula-mater das sociedades bem sucedidas do mundo. E pensar que no ensino fundamental esses ideólogos inseriram a disciplina de filosofia, mesmo mediante fartas evidências de que seus inocentes alunos não tenham a mais remota noção do que esta signifique para a vida! Ora leitores, para que serviria esse expediente senão para incutir nesses indefesos alunos o viés politicamente correto da tolerância a todas as ideologias? E não se deve educar uma geração em que jovens considerem aceitável até mesmo o terrorismo como expediente político religioso no afã de reduzir injustiças sociais, mais ainda sob a ótica do multiculturalismo (em que se admite como básico o absurdo conceito de equivalência e até mesmo de igualdade das culturas humanas).
Esse autor tem comprovado na universidade a existência de graves deficiências educacionais nos jovens egressos de nossas escolas, sejam elas públicas ou privadas, a começar por seu precário conhecimento a respeito da cultura européia e sua indiferença até mesmo a rica literatura luso-brasileira. Mais espantoso é constatar a ignorância desses estudantes em relação a história da arte universal. Nesse contexto, especialistas em cognição científica constataram que existe uma forte correlação entre a capacidade de cognição do ser humano em relação as ciências naturais e sua apetência em conhecer a complexidade e a sofisticação das artes. Em outras palavras, países de arte sofisticada e intelecta, invariavelmente são aqueles mais representativos no tocante ao desenvolvimento científico e tecnológico. Neste particular, Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Israel são exemplos lapidares dentre muitos outros que demonstraram ter alcançado a excelência no tocante a educação. Questione-se, pois, ensina-se nas escolas a boa arte aos alunos? Este autor crê que não, pois os alunos das escolas públicas e porque não incluir as escolas privadas, mostram-se indiferentes e quando não, incapazes de avaliar a qualidade e o significado das artes, sejam elas clássicas ou modernas.
É momento de uma reforma, a começar pelo Ministério da Educação, de modo que nossas escolas voltem a exercer o papel para o qual elas foram destinadas, qual seja, de conferir ao jovem um ingrediente de conhecimento objetivo e útil, não atrelado a correntes político-ideológicas (sobretudo o marxismo cujo desdobramento político produziu os maiores genocídios da história humana). Até mesmo um conhecimento sintético da história do islã, por exemplo, dotaria os alunos de capacidade para compreender as causas do extremismo decorrente dessa confissão, que desde a Idade Média até o presente ameaça a paz mundial (por ora assegurada pelas potências militares ocidentais). Não reformar o ensino é conceder espaço para que professores não comprometidos com os verdadeiros valores do conhecimento consolidado, formem gerações de jovens de educação medíocre, de modo a incapacitá-los à compreensão da realidade de seu próprio país, além do que, excluí-los do mercado de trabalho neste mundo irreversivelmente globalizado. Uma providência que se faz oportuna e urgentemente necessária (tal qual levada à cabo com sucesso na Coréia do Sul há cerca de quatro décadas) é dotar as escolas de diretores gestores tecnicamente educados e com poder de mando, executores de um programa de reforma educacional consistente e moderno, à luz de programas afins, levados a efeito com sucesso nos países mais prósperos e representativos da democracia no mundo.