Acabo de assistir um vídeo que me foi enviado de um orador chamado Prince EA, sobre educação (aqui). Vou chamar este ator de uma espécie de “rapper do bem”, pois tenta passar mensagens positivas, construtivas através de uma linguagem sincopada, quase musical entre o discurso e o RAP. Essencialmente, ele argumenta que a educação tem que ser aprimorada, o que não é nenhuma inverdade, mas este upgrade como chama parece simples de fazer e com a maior falta de cerimônia ele acusa as provas e a competição como constituintes de um sistema injusto, no qual trata desiguais com igualdade fazendo-os competirem sem evidenciarem suas qualidades, “peixes escalando árvores” é a figura de linguagem que usa para mostrar como as coisas estão erradas. Pois bem...
Sabe o que eu mais detesto? Simplismos. Quanto tempo este ator levou para ensaiar estas palavras? Vocês acham que houve um 'upgrade' da forma de atuar até a atual? Ora, o problema de nossa educação não é um problema de "falta de upgrades", mas justamente porque não "return to basics". Ele alega que estimulamos a competição, mas eu me pergunto qual escola incentiva e qual prefeitura leva os conceitos a sério. Só temos um conversa de "não excluir", de "não discriminar", de "não estimular a competição", como se antes estivéssemos preocupados com isto e não em monitorar a classe, justamente para melhor atender aqueles casos em que os baixos conceitos revelam um problema, seja cognitivo, seja social etc. Eu adoraria que estes românticos passassem um mês em sala de aula comigo, em turmas do fundamental, do médio, do superior e cursos preparatórios para verem como é que se faz. E se faz... Diferente de uma oratória que lembra uma canção de RAP! Sinceramente, alguém aí acredita que o estímulo ao trabalho pesado, aos temas de casa e às provas são algo ruim? Alguém aí tem certeza que a evolução do telefone ou dos veículos não deve nada à escola tradicional e que esta nova escola, da qual se pode tudo, da qual só se ensinam direitos em detrimento de deveres será capaz de por uma civilização nos eixos? Acho que já tivemos amostras mais do que suficientes com este lixo que se tornou a educação brasileira com seus falsos ídolos pedagógicos. Ou não? Vocês vivem de metáforas, de mensagens românticas, de poesias e quando se trata de considerar o peso do 'social' sempre são classes, a economia e tudo mais, MENOS, a família. Vocês tem ideia de como é a cultura em um país como a Finlândia para atribuir o sucesso da escola só à escola? Vocês por acaso já ouviram falar que na Suécia é totalmente antiético dar presentes aos professores, sim, eu estou falando daquela simples e tradicional maçã porque isto é um mau sinal que estimula a corrupção. Pois a corrupção começa justamente assim, com ações entre amigos, com camaradagem. Pergunte a um corrupto que foi ajudado por outro corrupto se eles não se enxergam como boa pessoas. É claro que sim e o ponto é justamente este: a interpretação de mensagens assim mostra quão equivocada é a leitura dos sentimentalistas que não percebem a necessidade de enforcement legal, de trabalho duro. Uma coisa é uma película cinematográfica, cujo ponto alto em filmes de advocacia é o discurso, a oratória. Agora pense em fazer isto todos os dias, rotineiramente, de modo árduo, com alguns alunos que não te deixam falar e agridem os demais e tu não pode fazer nada porque alguns idiotas que se auto-definem como pedagogos disseram que não se pode reprimir, isto é, suspender e expulsar o aluno quando necessário.
Sabe aquela clássica cena do filme The Wall do Pink Floyd com professores tradicionais britânicos se preparando para reprimir e açoitar seus alunos com gosto? Pois é... Sinto desapontá-los, mas esta imagem-espantalho não existe mais (ainda bem!), pois hoje é, justamente, o contrário que ocorre, diariamente, cotidianamente sem que ninguém, sem que nenhuma autoridade se condoa com o fato. Sem que vocês apontem isto! Sim, vocês que sublimam com esta peça de semi-RAP falando de um trabalho que nunca quiseram encarar. E para piorar colocaram o problema salarial como um fator dizendo que professores deveriam ganhar tanto quanto cirurgiões... Isto é ridículo! Não se discute nestes termos, pois da mesma forma, se formos aplicar o que é justo em termos sociais à valores de mercado, então também não é justo que cirurgiões ganhem muito menos que um Neymar. Ora! Se for ranquear ganhos em termos de importância social, um jogador ou uma modelo deveriam ser pobres e não é assim que a vontade das pessoas determina os preços. Então esqueçam este tipo de argumento porque ele é mais pobre do que os salários de quem vocês julgam defender.
Querem melhor educação? Voltem seus olhos para o passado. Ou alguém aqui acha que peixes não nadam como seus antepassados há milhões de anos atrás?
VD