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LABORATÓRIOS DE UTOPIAS ASSASSINAS

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Janer Cristaldo

Desde que comecei a escrever - e já lá vão mais de 40 anos - tenho denunciado a praga que infestou o século passado, o marxismo. Toneladas de estudos "científicos" inspirados em Marx e seguidores contaminaram as universidades do mundo todo e geraram outras toneladas de pensamento rumo ao inútil, quando não ao totalitarismo. Durante décadas, tese da área humanística que não citasse Marx ou profetas menores sequer chegava a uma banca. Marxismo virou gênero literário e partiu-se em subgêneros, soviético, chinês, cubano, albanês, com direito inclusive a estandes exclusivos nas livrarias.

O Estadão e a Folha de São Paulo publicaram hoje editoriais indignados a partir da denúncia feita por Ali Kamel no jornal O Globo. Em artigo intitulado "A Lata de lixo da História", diz a Folha:

"A coleção de disparates vai de uma condenação ao capitalismo por objetivar lucro a um elogio da Revolução Cultural chinesa. À vulgaridade pensativa, o livro agrega falsidade histórica, omitindo os assassinatos - eles sim incontáveis - cometidos em nome da dita revolução. Apesar disso, o governo federal adquiriu de 2005 a 2007 quase 1 milhão de exemplares da obra, campeã de distribuição gratuita. Só em 2007 gastou com ela R$ 944 mil".

Em outro artigo, "O MEC acorda tarde", escreve o Estadão:

"Diante de tanta desonestidade intelectual, custa crer que o MEC só tenha se manifestado sobre o problema após a publicação de artigo do jornalista Ali Kamel".

A denúncia é grave, mas nada tem de novo. Em 1992, o professor Gladstone Chaves de Mello denunciava que cem por cento - nada menos que isso - dos livros de História distribuídos pelo Ministério da Educação no Brasil eram ostensivamente e estruturalmente marxistas. Isto três anos após a queda do Muro de Berlim, um ano após o esfacelamento da União Soviética e em meio ao descrédito internacional em relação a qualquer regime de conotação comunista. Hoje, há um escândalo generalizado na imprensa com o livro de Mário Schmidt. As denúncias do professor Chaves de Mello, feitas há quinze anos - bem mais graves porque não falavam de um livro, mas de cem por cento dos livros de História - passou em brancas nuvens.

Este gênero literário, a literatura marxista, gerou grandes lucros e generosas mordomias em Moscou, Pequim, Berlim Oriental, Havana. A partir dos anos 90, as editoras especializadas no ramo já não tinham mais espaço físico para estocar os livros devolvidos pelos distribuidores. "Foi cair o muro de Berlim e minha editora começou a afundar", declarou um deles. Este editor, na época, só conseguia vender parte de seu encalhe para a Amazônia, o que não deixa de ser significativo: missionários e antropólogos precisam de suporte teórico para seus projetos teocráticos na América Latina. Mais ou menos desacreditada no mercado livre, esta literatura mudou-se com armas e bagagens para o mercado do livro obrigatório. Em 93, por exemplo, o Ministério da Educação distribuiu 80 milhões de livros. Pode-se então ter uma idéia do desalento dos editores que parasitaram os cofres públicos vendendo ideologias assassinas oriundas do século XIX.

O Brasil não é pioneiro nesta indústria da mistificação. Em 1928, em Siete Ensayos de Interpretación de la Realidad Peruana, o escritor peruano José Carlos Mariátegui via a universidade como uma máquina de demolição da sociedade burguesa, uma instituição destinada a formar ativistas e militantes. Os princípios expressos neste panfleto, com mais de quase um século de idade, ainda constituem uma espécie de carta de princípios dos sedizentes cursos de Ciências Humanas da universidade brasileira, que funcionam como laboratórios de utopias assassinas.

Não tenho em mãos o livro de Mário Schmidt. Pelos trechos citados por Ali Kamel, em momento algum o autor fala em ideologia marxista. Aposto que não desenvolve nada sobre o marxismo no livro todo. É uma forma eficaz de difundir marxismo. Como a doutrina foi desmoralizada pelo século e a filosofia está gasta, melhor expor seus princípios sem dizer a que doutrina pertencem. É por estas razões que vemos gerações inteiras pensando como pensam os marxistas sem jamais terem lido Marx ou qualquer estudo sobre o marxismo.

Todos os cursos da área humanística estão contaminados de marxismo e praticamente todos os professores oriundos destes cursos são apóstolos da nova religião. Letras, Ciências Sociais, Pedagogia, Literatura, Comunicações e até mesmo Teologia. Quanto ao curso de História, é a pedra de toque dos comunistas. Em 1984 - obra que considero a mais importante e desmitificadora do século passado - George Orwell atribuía ao Partido um lema:

Quem controla o passado, controla o futuro.
Quem controla o presente, controla o passado.

Todo marxista sabe disso. Controlando os cursos de História e suas bibliografias, podem reescrever a História a seu bel prazer. Podem fazer de Marx um visionário, de Lênin um sábio, de Stalin um benfeitor, de Mao um santo. Mas não creio que esse tipo de embuste seja muito eficaz. Como professor, sei que aquilo que os alunos ouvem em aula ou lêem em livros entra por um ouvido e sai pelo outro. Seja como for, esta atitude dos professores serve para ocultar a realidade dos fatos.

A denúncia de Kamel mostra apenas a ponta do iceberg. A denúncia do professor Chaves de Mello mostrou o iceberg todo. Isso há uns bons quinze anos. Enfim, cá no Brasil há pessoas - e até mesmo jornalistas - que se espantam quando encontram um deputado ou senador corrupto. Puxa-se o fio da meada e se descobre que a corrupção é generalizada. Leio cartas de leitores espantados com o fato de que mais de 50 mil professores escolheram o livro de Schimdt. Mas se escolhessem outro daria no mesmo.

O espantoso é que só agora um pai tenha denunciado a endoutrinação à imprensa, depois de uma década de utilização do livro. Pelo jeito, os pais não estão em nada preocupados com o que é ensinado aos filhos nas escolas. Mais um pouco de pesquisa e os jornalistas descobrirão espantados que não só o livro em questão é marxista, mas todos os demais livros didáticos da área.


Nosso sistema de ensino hoje parece uma linha de montagem com a produção de autômatos que não ouvem, não leem, mas que se espera que mantras revolucionários justifiquem sua frustração ou sentimento de invalidez, o que deve ser sumamente REJEITADO. E essa rejeição necessita de força obtida no CONHECIMENTO.


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